Impermanente

Eu não sou mais aquele que a foto capturou e prendeu para sempre numa sofisticada moldura, ele é uma das personas do meu passado, personagem inexplicavelmente sorridente por um eternizado segundo.

Eu não sou mais ele, nem mesmo lembro quem ele era, ficou para trás entre folhas de um outono distante ou em alguma esquecida primavera.

Sou bem mais que uma efêmera imagem, uma parte qualquer em um quebra-cabeças de uma vulgar paisagem, sou a soma dos meus atos, medos e desejos, tenho o tempo à meu favor e em perpétuo movimento, não enclausurado num congelado momento.

Agora sou outro e no próximo instante, novamente diferente, em eterna e infinita construção, absolutamente impermanente.