jesus e Jesus
Te ensinaram sobre jesus, mas não te falaram sobre Jesus
Te ensinaram que Jesus foi criado, mas não te contaram que Ele, Jesus, foi, sim, criado, por ser um homem histórico, mas que o Cristo, que também é Ele, é eterno, sem data de início, porque é a expressão divina do Messias. Te ensinaram que Jesus é uma espécie de anjo, um Miguel melhorado, o próprio Miguel, ou que Ele é apenas um ser de luz, que alcançou um estado de consciência elevada. Pode ser que tenham dito que Ele tem o grau de poder do diabo, mas que é alvo e iluminado. É provável que tenham te convencido de que Ele pode ser surpreendido com suas obras, com seus pecados. Talvez tenham te ensinado que Jesus é como um deus, mas que não é Deus, porque é - somente - o Filho, afinal, como pode um de nós ser Deus?! Te ensinaram que Deus tem um limite para perdoar e que Ele deve submeter-Se aos credos criados pelas doutrinas, como se o absurdo consumado na cruz tivesse alguma lógica e versasse sobre um Deus que até tem misericórdia, mas que tem condições para usar o Seu amor, condições estas relacionadas ao merecimento e à santidade que o homem pode alcançar com suas próprias forças, como alguém que “faz por onde” ter Deus consigo. Te ensinaram que é possível perder a Graça, que se pode cair da Graça, mas não te disseram que cair da Graça é tentar enxertar nela os costumes putrefados e cadavéricos da Lei mosaica, antiga; lei esta que, se inobservada em qualquer aspecto - e são mais de seiscentos - te coloca, imediatamente, como réu de toda ela. Você aprendeu que Ele precisa de mediadores, de homens (profetas, sacerdotes, bispos, padres, pastores, anciãos, etc.) para circular entre sua alma e a Pessoa do Cristo. Também te ensinaram que Jesus é uma figura arquetípica, ou imaginária, que responde à sua carência de sentido existencial, à falta da figura paterna, à ânsia por um Outro que sabe de tudo e que reconhece em você até aquilo que nem você mesmo se dá conta. Disseram que é como um totem, um avatar, que apenas lhe dá um sentido existencial. Também te disseram que Ele não existiu e que é um mito construído ao longo dos séculos - potencializado por Constantino e pelo catolicismo, é claro.
Há, no entanto, uma pergunta crucial em meio a todas essas certezas que lhe foram impostas:
De tudo o que você pensa saber sobre Ele, quais foram as conclusões de sua autoria?
Para mim, Ele não é o oposto do diabo, porque não há oposto para o infinito (a não ser que o infinito seja finito); entendi que Seu amor não tem limites, que Ele não se importa com quaisquer marcas que o homem carregue, nem com seus apetites, nem com estereótipos, mas Se agrada de um coração aberto, que confessa Sua centralidade – não necessariamente gritando para o mundo, batendo de porta em porta ou usando de gestos públicos. Aprendi que a confissão, que a referência e que o amor é, antes de tudo, no coração, na consciência. Aprendi que andar com Ele não é aliar-se a um Ente punitivo que pode, ao findar da minha vida, me arremessar no abismo, mas que andar com Ele é um ato de gratidão pelo bem que já foi alcançado e que só cresce dentro de mim. Esse aprender não foi por mera “leitura das Escrituras”, embora a faça e seja importante, mas por “Leitura da Palavra”. A Escritura é empoeirada, induz à literalidade, mas a Palavra é viva e se renova a cada tomada de consciência, em cada era. Eu aprendi que Jesus seria morto hoje pelos seus autointitulados “seguidores”, porque têm zelo de Deus, mas não têm Deus, porque fazem o bem por moral – e não por ser bom fazer o bem -, para que não sejam condenados e para não perderem seus títulos perante os homens. Aprendi que amar a Deus é, antes de amar um Ente fora de mim, amar a mim mesmo, ao meu próximo e à criação, porque Deus está em mim, está no meu próximo e também está na criação. Continuo aprendendo e percebi que as receitas prontas, postas pelas religiões, dizem sobre as taras de seus líderes, que vomitam regras pesadas e inobserváveis até para eles mesmos – embora escondam-se atrás de suas indumentárias sacerdotais - para adoecerem o “povo de Deus” e permanecerem influentes entre os enfermos na alma. Aprendi que Jesus basta e que não é preciso fazer enxertos, nem de Moisés, nem de Abraão, nem de “reformadores” que tiveram seus textos canonizados e repetidos como mantras. Jesus não é a cereja do bolo, Ele é o bolo inteiro, e o único. O que está escrito e não parece com Jesus, não é Jesus, não é Evangelho, tenha sido escrito por Davi, Paulo, Pedro ou Salomão. Para mim, não crer em Jesus é perfeitamente natural para quem se limita às leis naturais de causa e efeito, de espaço-tempo e crer é se jogar no céu do absurdo, é reconhecer que a razão tem limites e que a fé é o que opera fora desses limites. O paradoxo é a "anti-razão", mas não é um erro. Jesus Cristo é a razão da "anti-razão". Tudo isso, para mim, evidentemente.