Inutilia truncat…

Antes esse princípio valorizado pelos poetas árcades significava para mim apenas a pequeníssima ideia contida no contexto dos meus estudos – cortar o inútil para viver a harmonia do Carpe diem -. Decerto, a ideia continua semelhante, entretanto, notei que esta ganhou um novo e desolador sinônimo de situações da vida em sua existência… As pessoas cortam o inútil, certo, até aí não há novidades. Só que agora não importa qual a definição de inútil. Cortam-se empecilhos, sobrecargas, – amizades -, ambas com recíproca naturalidade. Não sei o que há de errado no mundo. Talvez seja a minha vazia existência, ou o peso da consciência da mercantilização dos afetos… Das existências, da personificação dos laços em objetos enfadonhos, descartáveis, ignóbeis… Ou seja.. É a adaptação do ‘Inutilia truncat’ no viver contemporâneo, nessa nova filosofia do desapego… Sei que poucas pessoas lerão esse texto e aos raros leitores, deixo claro que não quis causar nenhum desconforto, apenas reflexão… Então, atenção ao que é inútil. Pessoas não podem ser classificadas como supérfluos empecilhos inanimados e descartáveis. Somos complexos e singulares! Sei que em escala astronômica praticamente inexistimos, mas estamos vivendo tudo isso nesse exato momento, somos parte desse todo…