Úmida existência

Eu sou a chuva que bate na sua janela.

Aquela que começa em forma de neblina, deixando as nuvens e preferindo cair primeiro entre os seus cabelos.

Gota que escorre até a ponta do nariz, em um cumprimento simpático.

E é quase inevitável que você logo procure o guarda-chuva na sua mochila azul da cor do mesmo céu em que moro, mas quando percebe que ele não está lá, você corre e se esconde embaixo das marquises até que eu fique por inteiro no chão de asfalto, em forma de poças as quais todos evitam pisar, exceto as crianças na sua alegria chamada de inocência. Pureza que se encharca com minha úmida satisfação.

Por isso lhe digo, quando eu tornar a carregar o céu e trazer um pouquinho dele pra Terra, esqueça a marionete que você se tornou e volte a ser a criança que você era. Se encharque com a melhor etapa do meu ciclo e descubra que os dias mais felizes são cinzas.

Thamires Lopes
Enviado por Thamires Lopes em 23/02/2018
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