Entrelinhas

Sempre me questionam o porquê de tanto "mas", tanto "e" e "é" em meus textos. Achava que fosse questão de estilo, por realmente gostar do som dessas palavras interligando e resgatando frases. Mas hoje percebi que é mais uma questão de personalidade. Uma característica não só textual, mas do meu eu: numa constante busca por definições e contrapontos.

Gosto de "pontos finais" também, só reparei que não sou tão fã dos parágrafos. Como na vida, até curto uma longa pausa, mas sem mudar o sentido do que havia dito. Também me julgo boa em conclusões; se tem mesmo que acabar, que seja em grande estilo. Agora começar o texto é um desafio... Eu sou assim, tenho dificuldade de puxar conversas, fazer amizades, iniciar um trabalho. Mas depois que eu começar vou me empenhar no enredo e me esforçar para que no fim tudo fique bem. Meus textos são mais do que parte de mim, são exatamente como eu. Para me entender, às vezes é preciso que me descubram aos poucos. Nos versos que escrevo e compartilho, na soma de meus devaneios e reflexões.

Quanta coisa há escondida nas entrelinhas... Quanta dor e alegria as pessoas são capazes de esconder [e aliviar] num texto.