_________CARO DATA CUNICULUS!
Caro de carne mea... rs
Devolve o corvo
a alma pela noite roubada,
Alice volta ao corpo
outrora dali despejada.
Sobre o ombro, então pousado,
faz-se o corvo vigilante,
olhos noturnos de Alice.
À sua frente, tem agora
um homem dizendo senti-la n’alma.
Por outro lado, vem a noite e diz:
- Maldita sejas tu, Alice! - esbraveja.
Tudo em ti é paisagem!
- Ai de mim! Seja água ou vento...
Que venhas de onde for!
Não me importa!
Que de tudo venha vestido.
Enquanto a noite aparecia à porta
Fez-se ele agora rendido!
- Vá! Aguardo então o dia
em que teus olhos voarão ora vencidos de sonhos
a perder de vista!
- E tu, Alice, será então novamente envolvida,
ao acreditar que à tua beleza ele fez-se rendido!
- Ora, noite, e que beleza importa?
Não é só a carne que me rege!
Logo o tempo mudará minhas formas!
Ao pó retornarei um dia...
Mas minha alma não se fará decomposta!
Desista!
Vista teu luto e vá embora!
- Pois bem!
- Que assim seja, assim se faça!
Sugou então todo o seu hálito do quarto
que ao corpo de Alice tirava todo o viço...
E como noite, dissolveu-se
assim que ardeu a luz em êxtase!
Agora Alice adormece
rendida aos antigos cuidados,
flui seu sangue em outros lábios e,
como vinho,
escorre em espiral pela gulosa garganta do poeta,
abismo tão sonhado!
Tenhas agora mais cuidado
em reter-me submersa em tua língua!
Sou refém agora de tua saliva
e que tua alma novamente me devore!
Vem cá!
Dos pés a cabeça, embriaga-te,
cobre-me com tuas carícias,
estou agora dócil,
crava-me tuas garras.
Contemplou minhas divinas formas
capazes de suportar seu leito de fogo!
Submete-me, feroz nas tuas delícias,
molhando todo o meu corpo
com teus óleos impuros de homem!
Vê que enquanto febril me enlaças
feito serpente com tua força,
Que teus dentes
suguem todo o meu sangue...
e que minha carne te sacie
enquanto tu também me mantiveres com fome!