_____SEM O MÍNIMO GLAMOUR
Ainda meio engasgada pelo dia que veio num rasgo de claridade - ardência irritante em contraste com o veludo escuro de sua alma -, já alcançando os seus olhos, caminhou até a cozinha. Ligou o som, colocou a água para ferver e decidiu começar com um chá. Embora não gostasse tanto de chá como gosta de café.
Bem na sua frente, o mundo, os passarinhos e a confusão de cantos. Ela gosta de passarinhos. Só é cedo demais, ou talvez nem tanto.
Não penteou os cabelos, nem se olhou no espelho. Apenas escovou os dentes e seguiu em busca do seu café da manhã.
Depois de um longo suspiro, pensou em tudo o que tinha pela frente, virou página por página da agenda e remarcou alguns compromissos e, depois de alguns reclames, voltou a sua atenção para o chá e a música Lakmé:Flower Duet. Percebeu a ladinha de um dos pássaros. Eram piados com um certo resíduo de mal-estar, dali por diante, foi um tal de agitar as asas. Aquele estava enfurecido. A quantidade de pássaros foi crescendo, deveria ser alguma conferência de pássaros. Outros piavam com entusiasmo menor. Mas aquele deveria ser o líder, um agitador de pássaros, um anarquista com receitas para defender os ovos dos macacos, vai saber.
Lakmé... adora começar o dia ouvindo Lakmé... é feito uma valsa guardada no peito à epera de... Opa! Notou que um dos pássaros olhou para ela. Ele parecia um deus desastrado. Dava a impressão de ter ficado todo o tempo escondidinho ali, olhando pra ela. Ele, com suas penas em desalinho, um tanto arrepiadas, talvez de ficar pulando de árvore em árvore. De algum modo ele não se encaixava entre os demais. Um pássaro bonito. Não parecia muito interessado na palestra do pássaro mais agitado, talvez um engajamento político entre pássaros.
Mais distante, identificou um lagarto. E lagartos são rápidos. Mas este estava camuflado na preguiça rente ao chão e tranquilo da vida. Ao contrário dos pássaros. Um macaco surgiu com seu tom de chumbo queimado no pelo, procurando por ovos de pássaros, provavelmente, enquanto estes estavam todos atarefados naquela assembleia às beiradas do mundo.
O mundo parecia tossir algazarra pela sua janela e tudo que ela queria era a música, o chá e o tempo de não saber quanto tempo já tinha passado.
Pássaros em suas ladadinhas afinadas, macacos em busca de ovos e lagarto tomado por uma imperiosa sensação de preguiça. Ah, esse lagarto na proibição da pressa... ela adorou! E continuava o pequeno pássaro às margens da janela, de respiração suspensa entre a família de pássaros tagarelas e em movimentos agitados à sua volta. Tão bonitinho, um romeuzinho! Ainda é cedo para a primavera! Ele parece confortável e quase esquecido de ser pássaro. Perfeitamente compreensível, não estava na hora dele de ser pássaro ou, talvez, não tenham percebido a sua alma gavião!
Bem na sua frente, o mundo, os passarinhos e a confusão de cantos. Ela gosta de passarinhos. Só é cedo demais, ou talvez nem tanto.
Não penteou os cabelos, nem se olhou no espelho. Apenas escovou os dentes e seguiu em busca do seu café da manhã.
Depois de um longo suspiro, pensou em tudo o que tinha pela frente, virou página por página da agenda e remarcou alguns compromissos e, depois de alguns reclames, voltou a sua atenção para o chá e a música Lakmé:Flower Duet. Percebeu a ladinha de um dos pássaros. Eram piados com um certo resíduo de mal-estar, dali por diante, foi um tal de agitar as asas. Aquele estava enfurecido. A quantidade de pássaros foi crescendo, deveria ser alguma conferência de pássaros. Outros piavam com entusiasmo menor. Mas aquele deveria ser o líder, um agitador de pássaros, um anarquista com receitas para defender os ovos dos macacos, vai saber.
Lakmé... adora começar o dia ouvindo Lakmé... é feito uma valsa guardada no peito à epera de... Opa! Notou que um dos pássaros olhou para ela. Ele parecia um deus desastrado. Dava a impressão de ter ficado todo o tempo escondidinho ali, olhando pra ela. Ele, com suas penas em desalinho, um tanto arrepiadas, talvez de ficar pulando de árvore em árvore. De algum modo ele não se encaixava entre os demais. Um pássaro bonito. Não parecia muito interessado na palestra do pássaro mais agitado, talvez um engajamento político entre pássaros.
Mais distante, identificou um lagarto. E lagartos são rápidos. Mas este estava camuflado na preguiça rente ao chão e tranquilo da vida. Ao contrário dos pássaros. Um macaco surgiu com seu tom de chumbo queimado no pelo, procurando por ovos de pássaros, provavelmente, enquanto estes estavam todos atarefados naquela assembleia às beiradas do mundo.
O mundo parecia tossir algazarra pela sua janela e tudo que ela queria era a música, o chá e o tempo de não saber quanto tempo já tinha passado.
Pássaros em suas ladadinhas afinadas, macacos em busca de ovos e lagarto tomado por uma imperiosa sensação de preguiça. Ah, esse lagarto na proibição da pressa... ela adorou! E continuava o pequeno pássaro às margens da janela, de respiração suspensa entre a família de pássaros tagarelas e em movimentos agitados à sua volta. Tão bonitinho, um romeuzinho! Ainda é cedo para a primavera! Ele parece confortável e quase esquecido de ser pássaro. Perfeitamente compreensível, não estava na hora dele de ser pássaro ou, talvez, não tenham percebido a sua alma gavião!