À PROCURA DO AMOR
Essência minha a suspirar pelo que me foge e esconde
Deste exílio cuja paz tanto me tira
Oh, e por que de mim te esgueira?
Qual irado e tempestuoso vento a levar para bem longe
Aquela a quem amo
Oh, oculto, mas sempiterno amor!
Estaria, pois escondido no silêncio das palavras?
Estaria então velado no vazio do que se vê?
Ah, e quem o poderia dizer?
E não seriam todos?
Deste amor a que muitos o buscam
Todavia, não, pois vos encontram
Ah, o tão procurado amor!
Onde realmente ele se acha?
Ao que os tagarelas discursos de ti tanto falam
No entanto...nada dizem
A que ouso afirmar que, em verdade, não dizem
Por não de fato o conhecer
Ao que tantos sempre por vós procuram
E pelo tempo que não o acharam
Oh, destarte casaram então suas almas
Na constante opressão a seguir em seus peitos...
Sôfregos e gementes...
E eis que de ti esqueceram
Por não mais então crerem em teu nome
E por quê?
Simples e somente por não o verem
Ah, malditos e cegos olhos que só ressalvam do que vêem
Quando realmente não enxergam coisa alguma
Ou de tudo enxergam
Mas não vêem realmente
E destarte são tod’almas, a que em verdade, por ti procuram
Não há esta que não o seja
Sobre os duros cascalhos a trafegarem seus pés
Embora sem saberem
Do amor qual fonte d’água viva
Qual buscara a ansiosa samaritana com seu vazio cântaro
E a que dela somos, pois imagem
Já que do mundo a que tanto caçamos
Embora em verdade o melhor de fato ainda não encontramos
E assim eis o lastimoso viver!
A que mergulhados no fundo abismo em que neste tempo somos
Apressados e correndo a por ti buscar... ansiosamente
Qual escura noite a se adentrar afora
A esperar pela mais querida alvorada
Que aos noss’olhos finalmente iluminará
E desta forma, à Vida então eu não canso de perguntar:
Até quando?...