Mudar nunca é fácil. De País então…

Mudar nunca é fácil. De País então… novas culturas... idiomas... Enfim...

Sinto meus pés saindo do chão, literalmente deixando meu país...

Não é fácil criar coragem e desfazer as amarras. Fácil é fazer as malas, comprar uma passagem e seguir destino rumo a um outro país.

Difícil é aceitar a nova realidade durante esse tempo, aceitar o fato de que você não pertence ao local em que viveu a maior parte da sua vida.

Rumo a Bolívia sigo de coração apertado, ansiosa e ao mesmo tempo insegura... Terra desconhecida... O que meus olhos vêem me assusta... Um dia inteiro dentro de um ônibus vendo praticamente nada... Parece um deserto, “calma e só a chegada que é assim” Santa Cruz de La Sierra e uma cidade linda....

E no caminho mil vezes me pergunto... O que eu vim fazer aqui? Será que estou preparada para esse vôo..?

Porque ao partir é preciso estar preparado para se reconstruir, para aceitar que é chegado o “agora ou nunca”, a hora de se encontrar, se conhecer e definir quem você quer ser mesmo já sendo bem crescido.

É preciso ter coragem para se desfazer das frescuras, de alguns hábitos, criar asas FORTES que te ajudem a dar um dos voos mais importantes da sua vida.

É preciso se desfazer de preconceitos e aprender de uma vez por todas o significado do respeito.

Dói o peito em lembrar o que estou deixando pra trás... Mais me alegra em saber q em cinco anos volto com o melhor para oferecer a eles....

Deixo minha família nas mãos de Deus, na proteção de Jesus... Cuida da minha mãe. Cuida de mim… Cuida da minha família.

Mudar de País é, quase sempre, fugir de alguns problemas, e de repente, se ver cercado por mil outros. É viver numa montanha-russa quando se tem medo de altura, “meu caso”. Os primeiros meses trazem a mesma sensação da subida: empolgação, felicidade, orgulho de estar lá. E então, a gente acorda certo dia e percebe que reconstruir a vida não é tão lindo quanto parece, é difícil, desgastante, cansativo. Mas a gente está lá no topo; o investimento foi caro, os seus amigos, a sua família, todo mundo que não veio está lá, te observando de longe. Não dá para desligar a máquina, você não tem coragem de pedir para descer. Você sorri e esconde o desespero. Fecha os olhos e vai. Com medo e sem saber se vai dar certo.

Alguns desistem após a primeira descida. Outros se acostumam com a adrenalina e resolvem continuar. Porque nada é melhor do que descobrir que você é capaz.

Morar fora não é reconhecer os seus limites, é esticá-los um pouquinho mais, dia após dia. É descobrir que você pode ir muito além. É ralar para ser reconhecido onde você é apenas mais um e reconhecer que ser apenas mais um pode ser muito para quem chegou a ser ninguém.

Morar fora é dar luz a um novo “eu”, é ser mãe e pai de sí próprio. É sofrer para se criar sozinha e ter orgulho do adulto que você se tornará. É aceitar que você jamais será a mesma no dia em que decidi voltar pra sua terra”.

Daiane Garcia

*Eumesma

12/02/2018

Daiane Garcia
Enviado por Daiane Garcia em 13/02/2018
Reeditado em 01/12/2022
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