PRISÃO DE VENTRE BOCA-ROTA

Continuamos vomitando até quando não há mais o que vomitar. Vomitamos inclusive o mesmo prato de comida, duas vezes. Vomitamos até o que nunca comemos. Vomitamos o que nossos avós comeram, e do que nem se arrependeram. Vomitamos até o que ainda nem é. Vomitamos nossos filhos no mundo. Somos o vômito, a parte que criou casca, virou uma crosta. Precisamos nos vomitar para saber qual é a sensação para nós mesmos. De ter um reto, uma garganta, uma boca, uma tensão, um gêiser, e ser pedaços ejetando ao mesmo tempo, “adquirindo a liberdade”.