__________________EU SOU UM FRACASSO
Um delicioso fracasso humano e o meu poder de merda se reflete sobre o corpo. Sou uma vencedora no quesito ausência, nesse sentido, das minhas próprias dimensões.
Não, obrigada! Não estou em busca de fórmulas milagrosas. Quero ser eu, no máximo de mim nessa desorganização. Minha saúde não vai bem, obrigada! Deixa ela assim, lambendo as feridas. Não, não busco por um corpo dócil!
Ah, eu sou um fracasso nessa disciplina humana, nessa finitude em contraste com os modelos perfeitos vendidos e em suas narrativas inalcançáveis. Só quero ser humana mesmo, nessa porcaria à beira do fogão fazendo um café, olhando pro infinito e com o cabelo desgrenhado. Tô bem no meu corpo real e na minha realidade possível. Quero sonhar interditada em domicílio, livre nesse meu isolamento social. Que delícia me privar de indivíduos! (ri pra cacete agora ao escrever isso, viu como estou doente?). Tsc, tá foda! O mundo, não eu! Eu tô bem, esquartejada desse núcleo social. Eu estou no meu direito ao ócio, no gerenciamento de minhas loucuras e desarticulada da massa. Pelo menos por enquanto.
Eu estou falando a língua das plantas e dos outros animais, eu estou selvagem! Selvagem mas fora de toda essa agressividade consumista. Talvez só um pouco inserida nela. Mas eu aqui, com os meus micropoderes, tenho feito revoluções! Tenho uma série de técnicas, por exemplo, para não penetrar nesse mundo contemporâneo da algazarra. Se me chamam para festas, eu estou com peste bulbônica, se tocam a campainha, estou com lepra. E tudo que eu tenho é crônico ou não tem cura, sempre beirando à emergência médica. Até rezam por mim! Ah, não me obriguem certas cerimônias!
O meu corpo vai trabalhando a morte de minhas células e eu estou curtindo a minha finitude numa boa, esse processo de não saber nada sobre o tempo que tenho.
É, tenho repensado meus hábitos, fiz uma observação minuciosa em minha alimentação enquanto mastigava alguma coisa industrializada. Mas estou mudando. Mas com calma porque o desenvolver da morte é inveitável. Só quero adiar um pouco esse meu estado de condenada. O segredo é disciplina! Eu já alcalinizei a minha água. Só resta agora batalhar as outras coias, mas com calma, ouvindo um bom som enquanto caminho descalça pela grama.
Ah, essa minha longevidade! Ah que eu vou longe dessa exigência imposta. Hoje fui até o portão e voltei. Porque eu vou, mas vou com calma! Vou sem medições globais, vou sem tanto desgaste. O que quer dizer que vou hoje 9 passos amanhã 10 e daqui a pouco fui lá na esquina! Naquela encruzilhada de horizontes. Presto atenção, bocejo e volto.
Logo corro mundo como antes! Mas hoje o meu objetivo é economizar energia. Ah, ô! Ando avessa de migrar tendências. Funciono bem aqui, extensão do mundo, infiltrada pelas minhas técnicas. Agora mesmo vi uma mensagem chegando, convite para uma praia amanhã. Já escolhi a dedo a minha próxima enfermidade. E segundo estimativas de amigos, eu tô beirando à cova. Ih, o que me chega de receita! Mas eu estou bem. Tenho me cuidado, é indispensável ressaltar isso para evitar por aqui também os futuros milagreiros. Não insistam! Me deixem morrer em mim.
Hoje eu fiz exercícios. Que ousadia! Eu conseguia ouvir os estalar dos meus ossos, o amolecimento das minhas cartilagens e o poder soberano da Morte sobre mim! Ela, sentada na poltrona, ria do meu esforço e da mutação do tempo no meu corpo. A Morte me dizia " Quanto investimento para nada!". É a melhor amiga que tenho, a mais sincera. Ela me esquadrinha, me perverte, julga, requalifica e depois terminamos sorrindo e tomando café.
Não, obrigada! Não estou em busca de fórmulas milagrosas. Quero ser eu, no máximo de mim nessa desorganização. Minha saúde não vai bem, obrigada! Deixa ela assim, lambendo as feridas. Não, não busco por um corpo dócil!
Ah, eu sou um fracasso nessa disciplina humana, nessa finitude em contraste com os modelos perfeitos vendidos e em suas narrativas inalcançáveis. Só quero ser humana mesmo, nessa porcaria à beira do fogão fazendo um café, olhando pro infinito e com o cabelo desgrenhado. Tô bem no meu corpo real e na minha realidade possível. Quero sonhar interditada em domicílio, livre nesse meu isolamento social. Que delícia me privar de indivíduos! (ri pra cacete agora ao escrever isso, viu como estou doente?). Tsc, tá foda! O mundo, não eu! Eu tô bem, esquartejada desse núcleo social. Eu estou no meu direito ao ócio, no gerenciamento de minhas loucuras e desarticulada da massa. Pelo menos por enquanto.
Eu estou falando a língua das plantas e dos outros animais, eu estou selvagem! Selvagem mas fora de toda essa agressividade consumista. Talvez só um pouco inserida nela. Mas eu aqui, com os meus micropoderes, tenho feito revoluções! Tenho uma série de técnicas, por exemplo, para não penetrar nesse mundo contemporâneo da algazarra. Se me chamam para festas, eu estou com peste bulbônica, se tocam a campainha, estou com lepra. E tudo que eu tenho é crônico ou não tem cura, sempre beirando à emergência médica. Até rezam por mim! Ah, não me obriguem certas cerimônias!
O meu corpo vai trabalhando a morte de minhas células e eu estou curtindo a minha finitude numa boa, esse processo de não saber nada sobre o tempo que tenho.
É, tenho repensado meus hábitos, fiz uma observação minuciosa em minha alimentação enquanto mastigava alguma coisa industrializada. Mas estou mudando. Mas com calma porque o desenvolver da morte é inveitável. Só quero adiar um pouco esse meu estado de condenada. O segredo é disciplina! Eu já alcalinizei a minha água. Só resta agora batalhar as outras coias, mas com calma, ouvindo um bom som enquanto caminho descalça pela grama.
Ah, essa minha longevidade! Ah que eu vou longe dessa exigência imposta. Hoje fui até o portão e voltei. Porque eu vou, mas vou com calma! Vou sem medições globais, vou sem tanto desgaste. O que quer dizer que vou hoje 9 passos amanhã 10 e daqui a pouco fui lá na esquina! Naquela encruzilhada de horizontes. Presto atenção, bocejo e volto.
Logo corro mundo como antes! Mas hoje o meu objetivo é economizar energia. Ah, ô! Ando avessa de migrar tendências. Funciono bem aqui, extensão do mundo, infiltrada pelas minhas técnicas. Agora mesmo vi uma mensagem chegando, convite para uma praia amanhã. Já escolhi a dedo a minha próxima enfermidade. E segundo estimativas de amigos, eu tô beirando à cova. Ih, o que me chega de receita! Mas eu estou bem. Tenho me cuidado, é indispensável ressaltar isso para evitar por aqui também os futuros milagreiros. Não insistam! Me deixem morrer em mim.
Hoje eu fiz exercícios. Que ousadia! Eu conseguia ouvir os estalar dos meus ossos, o amolecimento das minhas cartilagens e o poder soberano da Morte sobre mim! Ela, sentada na poltrona, ria do meu esforço e da mutação do tempo no meu corpo. A Morte me dizia " Quanto investimento para nada!". É a melhor amiga que tenho, a mais sincera. Ela me esquadrinha, me perverte, julga, requalifica e depois terminamos sorrindo e tomando café.