Ter e não ter.

Bruno Chaves, às 12:20 AM.

Ei..... Ei você aí, é você mesmo! 

Já se sentiu só mesmo com um grande número de pessoas ao seu redor? Já se sentiu sozinho e vazio mesmo com aquela garota maneira e bonita com quem está saindo? 

Pois bem, saiba que você não é o único! A interação na sociedade atual não é mais social (no sentido lato da palavra), ela transcende a isso, podemos chamar de "interação virtual", pelo simples fato de os relacionamentos (quaisquer que sejam) estarem ligados através de meios tecnológicos (redes sociais etc). Sendo assim, o que surge, via de regra, seria algo superficial, uma interação não profunda que provocaria a ausência do que se tem, e isso soa meio paradoxal, pois você tem, mas ao mesmo não tem.

Voltando a falar das redes sociais, basta citarmos como exemplo o aplicativo Tinder, onde se você curtir alguém e ela te curtir de volta, bingo! Ela tá a fim de você, pois deu match. 

Como diria o rapper Djonga:

"Ela nem te olha nos olhos, mas no Tinder dá match".

Mas eu não estou aqui para falar exatamente de como funciona as redes sociais, o ponto central de texto é compreender e entender a falta de aprofundamento das relações sociais (sejam elas profissionais, amorosas, amigáveis). A superficialidade da interação é a maior problemática da atual sociedade, pois além de não criar laços firmes, ela também é alimentada através de um meio não físico (a internet).

 

Interação virtual x interação real

Tenho um exemplo pessoal relacionado à diferença entre a interação virtual e a interação real, tentarei expor de uma forma clara e coesa: 

Há uns anos, estava fuçando o meu Facebook e procurando meninas para bater um papo, nessa procura falei com uma menina que achava que conhecia, porém nunca a tinha visto. Conversamos, nos tornamos grandes amigos (vale lembrar que nossa amizade foi construída pela internet) e decidimos nos encontrar para sair um pouco do meio virtual. Com o passar do tempo nos encontramos, foi algo estranho, o eu virtual era totalmente diferente do eu real, não foi algo natural, eu mal sabia o que falar e agi de forma estranha como se ela fosse uma total desconhecida. Ao chegar em casa, fiquei pensando no que tinha acontecido, e coloquei na minha cabeça e na dela que a sensação que eu tive foi relacionado ao fato de nunca termos nos visto, no entanto, eu estava enganado. A amizade criada pela internet, através das redes sociais, era uma; a amizade real, era outra. 

Não quero generalizar, ou seja, não quero dizer que todo o relacionamento (originado da tecnologia) seja superficial, mas quero afirmar que o seu começo é raso, é frágil.

Conectar e desconectar, esses termos são praticados por todos e, nos dias de hoje, é essencial estar ligado ao meio tecnológico para poder manter qualquer tipo de vínculo. A ausência das redes é a perda da nova amizade, uma vez que ela acaba do mesmo jeito que começou. Desconectar-se é fragilizar a relação, porém, isso quer dizer que o vínculo sempre foi frágil, o que ocorreu foi apenas a aceleração do processo. Diferente disso são as relações originadas do contato físico, aquela paquera à la primeira vez ou aquela amizade numa festa de formatura. A construção de uma amizade não dependente apenas da interação virtual, e sim da vontade de estar perto, do contato físico cria um elo mais sólido, mais profundo, porque você passa a conhecer a subjetividade do outro, a conhecer suas expressões, sentimentos, realidade. 

Existir x Não existir

Não possuir redes sociais na sociedade moderna é não existir socialmente. Muito radical? Acho que não, hein. 

Casos assim são bem comuns, por exemplo, você conhece uma pessoa, trocam uma ideia rápida e na hora de partir, ela te faz a pergunta-chave: "você tem insta?" Se a tua resposta for não, provavelmente ela fará uma expressão negativa. Antissocial as pessoas dirão. A problemática maior é que tanto o indivíduo que vive das redes sociais e os que não possuem nenhum vínculo com elas, de certa forma se encontra na mesma situação, a do vazio. O primeiro porque vive numa interação virtual o tempo todo, descartando as possibilidades de se aprofundar em algo com verdadeiro afinco; o segundo porque se sente um peixe fora d'água na realidade atual em que está encaixado.

O interessante é que a sociedade nos impele obrigatoriamente a nos adaptarmos aos meios sociais, caso contrário você evaporará, pois mesmo as relações criadas independentemente de tecnologia tendem a precisar delas. Precisamos nos comunicar para manter a conexão, certo? E não existe a possibilidade de sempre querermos estar próximos de quem gostamos (salvo os casados e os vizinhos) por questões lógicas como distância, trabalho, faculdade etc. Então é necessário fazer uso das redes sociais para fazer sobreviver uma relação.

Arietseb
Enviado por Arietseb em 02/02/2018
Reeditado em 03/02/2018
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