A IMPORTÂNCIA DE "OS SERTÕES"
Li pela primeira vez "Os sertões", de Euclides da Cunha, em 1981. Hoje, mais experiente e com outras referências, faço uma releitura desse clássico imprescindível da literatura brasileira. Na tradição islâmica, o fiel é obrigado a fazer pelo menos uma peregrinação à cidade sagrada de Meca, durante a vida. Ele só é dispensado de tal obrigação se levar uma vida muito pobre, que não lhe permita os recursos necessários para tal empreitada. Com Os sertões devia ser assim: todo brasileiro devia ser obrigado a lê-lo, pelo menos uma vez na vida, só sendo perdoado por não fazê-lo o analfabeto. A leitura de Os sertões, além de focar um episódio importante dos primórdios da República, abre veredas para a compreensão da literatura de escritores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, João Guimarães Rosa e outros. E para a compreensão da própria identidade Nacional. Ler Os sertões, livro em que Euclides da Cunha narra o cerco ao arraial de Canudos, no sertão baiano, e o massacre que leva o povoado à extinção, é tão imprescindível quanto ler "O povo brasileiro", de Darcy Ribeiro.