MÁSCARAS.
Você olha pra mim e não me vê. Tudo bem, estamos no século XXI... é raro alguém ver o outro. É mais simples você enxergar o que está na superfície. É mais cômodo acolher o que eu permito que veja. Aceite o meu sorriso vacilante, a minha voz entrecortada, o meu jeito atrapalhado. Aceite essa imagem. Eu sou o retrato da tolice. Não se esforce tanto para ver além. Seria difícil explicar a incoerência ambulante que habita o meu coração. Seria díficil provar que por trás do meu pouco argumento existe um oceano de ideias que eu não consigo transformar em palavras audíveis. Tudo bem, eu tenho uma caneta e um bloco de notas. Quando eles se encontram eu me sinto livre. No instante que as minhas emoções se transformam em letras... eu sou capaz de flutuar. Por um milésimo de segundo eu sou apenas a minha essência: pura e simples... sem máscaras, sem verniz. Você é capaz de me ver? Oh... vamos lá! Me analise com o seu microscópio. Investigue as minhas particularidades... faça isso... me olhe sem pudor. O resultado é sempre o mesmo: todos me analisam, mas ninguém me enxerga. Com você não seria diferente. Sou um objeto de estudo que deu errado. Tudo bem... Com tantas pessoas dizendo quem eu devo ser... talvez eu nem exista afinal.