Dia chuvoso, mente tempestuosa.

Eu começo esse texto sem um objetivo em mente. Sem ter um plano traçado ou sem ter algo que queira de fato dizer. Tudo que quero é escrever enquanto penso e pensar enquanto deixo ser escrito o que me vier à cabeça...

A chuva realmente cai lá fora enquanto cada palavra é escrita. Sinto o cheiro de asfalto e terra úmida, assim como sinto o beijo gelado do vento no rosto. Eu gosto da chuva, mesmo sendo melancólica. Acho que gosto um pouco de melancolia também. Talvez seja por isso que eu me deixe sofrer e cause mais sofrimento do que preciso sentir. Talvez por isso eu procure textos, revire lembranças, ouça as músicas que foram dedicadas à outro e que foram cantadas e dançadas como se fossem pra mim, mas sempre com outro, ou outros, na mente alheia.

Talvez também seja por isso que eu procure algo que sei que não vou encontrar em alguém que não pode me oferecer.

Tantos "talvez". Tantos "se". Tantas dúvida passando pela cabeça como um carrocel de coisas das quais eu talvez nunca pare de me perguntar. Coisas que eu talvez sempre queira mudar. Voltar no tempo em um determinado momento, lembrando tudo que sei até hoje, pra fazer tudo diferente desde aquele momento em diante. Sem me preocupar com paradoxos no espaço-tempo. Sem me preocupar em como isso vai afetar quem está ao meu redor. Sem me preocupar. Total e 100% egoísta, querendo só consertar meus erros, e não aprender com eles e à lidar com eles.

Cada dia mais eu quero voltar cada vez mais atrás. E isso me incomoda. Eu deveria olhar pra frente. Deveria mirar no futuro com os pés no presente. Deveria manter um objetivo, uma meta, um plano. Mas só consigo olhar pra trás, desejando mudar o que não vai mais voltar. Aí somo dores antigas às dores atuais e coloco mais um pouco de dores que ainda nem chegaram, já com a certeza de que não vou ser quem quero ser porque nem consigo deixar de ser quem eu era.

Por quanto tempo isso vai durar? Por quanto tempo eu mesmo vou produzir e procurar mais e mais tempestade dentro de mim quando eu mesmo posso abrir os céus da minha mente? Até quando vou deixar os trovões retumbarem em um coração tão partido quanto a esperança de dias melhores?

Quanto tempo até a chuva parar?...