EDITORAS E O ANALFABETISMO
O Brasil inteiro, um país com mais de 200 milhões de habitantes, possui cerca de 3 mil livrarias. Aqui, se lê menos de 2 livros não acadêmicos por ano. Na França, oferecendo um exemplo desproporcional, a média é de 25 livros lidos por ano. Estima-se 55 mil títulos lançados anualmente, com tiragens que alcançam 500 milhões de exemplares. Temos uma indústria editorial que se apoia, principalmente, em vendas para o Estado. Estampamos a vergonha de uma nação com mais de 50 milhões de analfabetos (entre absolutos e funcionais), não há programas de incentivo à leitura que resista a isso. Temos o livro como objeto decorativo em imponentes estantes que servem de pano de fundo para selfies. Num mercado tão restrito, os pretensos novos autores, os anônimos, precisam concorrer com atores globais, cantores consagrados, jornalistas da Globo e padres midiáticos, todos almejando o status de best-sellers. Programas de incentivo à leitura são um acinte num país que deveria investir em alfabetização de qualidade. Editoras, se cultivassem a gestão inteligente e não se comportassem como membros do mercado financeiro, deveriam promover novos centros de alfabetização e até colaborar com eles. Cursos de escrita criativa para quê? Alfabetizem, colegas escritores.