FICA...

No sábado minha alma sentiu necessidade de ser além daquilo que carrego por dentro. Ela quis gritar lá fora...

Inomináveis necessidades... Pra quê existir onde não será alma? Triste realidade carregar uma alma que acredita ser gente... Quem vai te escutar além de mim? Ninguém...

Domingo fomos à missa. O padre disse que a liberdade de toda alma é a confissão! Então pediu para eu falar... Senti supapos dentro de mim.

Reservatórios de alma numa porta furada... Eu, uma porta, o padre e almas...

Falamos de confidências, de Deus, compreensão, castigos, punições e calmas...

No fim, me disse que todo ser humano é único, que eu libertasse minha alma e fossemos em paz...

Senti um riso dentro de mim... Um desdém de quem pensa que é alma. Disse-lhe: Confessa! Vai! Fale do que não sabes que sentes. Pois, exprimir o que há em mim, também, é nunca dizer a verdade.

Ela parou de sorrir...

- Confessar-se a um padre... Pra quê? Livra-se de ti pra mim. Consciências suas, só a mim....

Agora diz que fica...

Falar o quê? Pra quem? Pra quê?

Se preferir, minta para ti mas, sossegas, só em mim, isso tudo que sente...