VENTOS...
Uma vontade de escrever algo que renda a angústia que sinto, a descrença que se firma, a indiferença que se sustenta, os projetos que se inclinam, a loucura de ser feliz, nessas coisas que se dizem ser tempo e vida.
Dirijo agora. É noite, a cabeça dói e uma música diz que, tudo isso é mundo...
Sigo pela rua ao lado de um Rio que não o vejo. Não há lua... Onde está a utilidade da lua agora? Um rio sem luz da lua...
Hoje termina o domingo, como se velasse uma manhã que vai nascer morta... Quanto tédio...
Mudo a música.
Ontem ventou por aqui.
Passou e o senti mais forte...
Gosto quando ele vem.
Traz força e arrasta minha vida
No vendaval me sinto alguém...
Agora converso com as salvações, não como um Rio que correu de mim e a pouco o deixei pra trás, mas como as que amanhecem à noite e anoitecem os dias, como marés longínquas...
É a terceira música que ouço... Diminuo o volume, a cabeça dói... Estou chegando em casa e o meu olhar busca por ventos no retrovisor. Luzes... varias delas, como estrelas que entendem meu silêncio.
Meu destino outrora foi o de querer escrever... Mas, a cabeça ainda dói e as palavras não me sentiram nas canções...
Quanto ao vento... Ele veio como vontade, no ar eu senti... E entre essas sensações de brisa e as horas, até cantei minha vida preferindo ter nascido música.