Sem Oração Por Ora

Há experiências personalíssimas. Daí não ser possível descrevê-las com palavras. Somos seres sensíveis, certo?

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Há falta a prosperar no mundo. Divisões, separações lucrativas. Tudo pode ser negociado. Tudo? Eu disse "tudo"? Engano. Esse "tudo", pronome indefinido (por definição), convém lembrar, é antes uma forma prática. Não dá conta de "tudo". Não pode abarcar tudo, vês? Pode-se negociar QUASE tudo. Ou melhor, MUITA COISA, MAS NÃO "TUDO". Não há tudo assim. Não há tanta coisa assim. A lógica de mercado é bem essa: precificar. Primeiro se coisifica; depois, se precifica. Daí a coisa do preço – em detrimento do apreço.

É... Eu me sinto como s'escrevesse/pensasse da mesma forma há quase três décadas. O que mudou ao longo dos anos foi o cuidado gramatical na redação. Parece que não sei fazer outra coisa.

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Tememos o Nada. Mas por quê? Carregamos um pedaço Seu conosco. Depressão, dor, angústia, tédio. Vazio Infinito. Medo, Vazio, Desespero. Desespero como tempero para alimentação humana. Divina Tragédia Humana. Humana porque racional. Tememos o Nada. TEMOS O NADA! [Nihil Sumus!]

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QUÊ?! Comparo trechos de meu "Nº 1643" a excertos de Bataille e Clarice Lispector ("Água Viva", para melhor exemplificar o que estou tentando dizer). Como negar que há um forte traço filosófico nesse meu referido (e complicado) livro? É filosofia, sim. A permear o livro em sua extensão.