Sobre ir
São tempos difíceis para ela. Mais, precisamente, sombrios. Momentos de desencontro e perda do autoconhecimento se é que, algum dia, o obteve em mãos. Instante no qual a prática da solitude se encontra intrafegável e isso a aflige profundamente. Não uma questão temporária e mudanças do olhar para o que a envolve. Ela não se sente mais dela, logo ela mesma. Se assim não o fizer, o que restará em jogo?
Talvez, ela seja pequena em um mundo vasto e repleto de grandes medos. Passagens e autodescobrimento vociferam pela sua correspondência. Como ser alegre, onde não há alegria sequer? Como ser conjunto se não existe uma só por inteira antes?
Ela precisa navegar. Precisa remar, até que se canse e exaure energia, apenas, para dirigir-se ao caminho que quer permanecer. Se a compreensão alheia persevera, a relevância é notória. Onde não desabrocha, talvez não seja a hora certa. Ela necessita ir e não há prazo certo para a sua volta.