gororoba

Não somos mais originais. Isso não é triste?

Fazemos adaptações, misturamos, damos uma nova roupagem, mas não somos mais originais. Parece-me que a originalidade foi marca de outra época. Não que não saiam coisas boas de nossas adaptações, misturas, e etc, etc, etc. Mas devemos admitir: nossos avós tiveram o original em seu auge. Nós, agora, apenas o reutilizamos.

A moda é prova disso. Assim como a música, a literatura... O que há de novo no setor tecnológico são avanços do que já existia. Os escritores novos são, bem ou mal, comparados aos clássicos da literatura. As músicas novas são o resultado de inúmeras influências de músicos do passado. Sem perceber, meninas vestem saias rodadas e sapatinhos de boneca como minha vó na década de 50, e os meninos fazem pose com seus óculos rayban que eu cheguei a ver meu avô usar. Pior é pensar que nossos filhos vão passar ainda mais longe do original. Eles vão sofrer as influências das influências das influências. Os nossos netos então, nem se fala! Já vai estar tudo tão misturado, que é bem capaz deles nem saberem de onde vem tudo aquilo que eles ouvem, escrevem, lêem, usam...

No final das contas somos todos uma gororoba só. O resultado de gerações e gerações, de culturas e genes que se encontraram ao acaso por séculos. E pensando assim, o original de tanto tempo atrás deve estar por aí,espalhado, em milhões de pedacinhos...