Se Tenho Querer, Eu Sou!
Eu não queria ser feliz, de fato, eu não queria. A felicidade era um utopia. Algo vazio, frio e distante. Muito pelo contrário, eu queria ser lúcida. Se o mundo tinha verdades longe das religiões, que eu as soubesse. Se existir era uma dor, que doesse. Eu precisava ser. Acima de todas as coisas. Eu precisava, com urgência, ser. O que eu seria? Não, não devo me questionar isso, devo me questionar "o que sou?". Sinto fome, mas a comida me parece um pedaço de chão, assim como todas as verdades. Tudo que me vem a boca, tudo que me vem a mente está morno. Não há nada que me dê mais ânsia do que o que não esquenta, nem esfria. Meu corpo está em temperatura ambiente, não é nada senão ele. Meu corpo pouco importa. O que é um corpo sadio dominado por uma alma enlouquecida? Meu corpo era um corpo, mas e eu o que era? Minha alma, o que é?
Eu não sou nada. Se eu não posso descobrir, ninguém descobrirá. Eu quero ser. Eu preciso ser. Se eu que não sei uma parcela das coisas do mundo não era nada, podia me moldar ao meu querer. E se tenho querer, eu sou.