As noites ( nem tanto) de verão no meu país.
Em alguns países o conceito de manhã, tarde e noite nada tem a ver com o relógio, e sim com a luz dia.
Sempre ouvi coisas do tipo; " Son las ocho de la tarde", no alto verão, quando só escurece perto da meia noite ( sem exagero). As crianças ainda brincavam na rua às onze da noite, pegando grilos em suas pequenas gaiolas, e eu entre eles.
A dinâmica de trabalho era diferente, há uma cultura ligada as estações do ano, no verão aproveita-se muito mais da vida, há flexibilidade de horários, desde sempre. As férias de meio de ano toca a toda a família e não só aos pequenos. O ano letivo se inicia em agosto.
Sou do sul da Espanha, e o calor de julho é infernal, nem a brisa do mar faz refrescar, o vento mouro que vem do Saara é quente, e estávamos a poucos quilômetros do Marrocos, às vezes também aconteciam as tempestades de areia , esse vento se chama " El Levante", e as pessoas já o conheciam bem , sabiam dos seus horários.
Vive-se muito ao ar livre por essa ocasião, nas "azoteas" ( terraços , como quintais ), no alto das casas. As famílias se reuniam para fazer a "barbacoa" (churrasco),que nos países da América costumam chamar de "parrillada", referente a palavra "parrilla" ( grelha). Embora os espanhóis tomem vinho com frequência, a cerveja é bem comum no verão, e outras bebidas frescas como a "sangria" ( vinho tinto, branco, sucos de frutas , e pedacinhos delas, com gelo misturados ), é bem gostoso, fraquinha.
O " gaspacho" também completava a refeição fria, é uma espécie de sopa fria de hortaliças , com tomate e pepinos, nada calórica, e muito refrescante.
Vive-se o momento, ninguém fica remoendo fatos passados, há uma cultura de preservar os que morreram, comenta-se sim coisas boas que marcaram, as ruins ficam guardadas em uma gaveta com chave.