Eita Menino
A gente costuma dar valor para as coisas que geralmente não estão mais em nossas vidas.
Eu mesmo, já fiz isso algumas vezes. Faço isso até hoje.
Eu? Eu não aprendi. Talvez você aprenda.
Um tempo atrás, um bom tempo atrás, eu conheci um cara. No início não era nada, era desejo e não sei mais.
O tempo foi passando e eu percebi que não era só isso, era muito mais que aquilo.
Ele era lindo, ainda é. Ele me entendia. Gostava de mim do jeito que eu sempre fui.
Um dia, no almoço ele me ligou.
Quando o telefone tocou, meu coração disparou - até porque, ninguém costuma ligar hoje em dia - eu fiquei mole, juro, não é exagero, eu amoleci.
Nunca imaginei que aquele cara, que eu sempre achei inalcançável, um dia me ligaria me chamando pra almoçar.
Havia um bom tempo eu não me sentia daquela maneira. Nervoso, ansioso... feliz por ele me ligar.
Ele ligou! Cara, ele me ligou!
Contei para todas as minhas amigas. Eu estava orgulhoso, me sentia importante pra alguém.
A gente saiu, bebeu um pouco. Continuamos saindo por um bom tempo.
Eu o apresentei para as minhas melhores amigas, para o pessoal do trabalho e era tudo lindo. Afinal, ele gostava de mim do jeito que eu era.
Até que comecei a estragar tudo, estraguei mais um pouco e então, acabei de acabar.
Eu o magoei, o feri e sabia que tinha boa parte da culpa.
Eu o perdi!
Sim, eu o perdi muito. E sinto muito até hoje.
Eu não sabia nada disso que eu disse, até o dia em que o perdi.
Tentei me redimir, consertar as coisas como quem cola cacos e... não colou.
Ele não queria mais. Ele cortou o mal pela raiz, eu era o mal. E isso me doeu demais.
Eu nunca imaginei que seria ou faria mal para alguém, para alguém que eu gostava. Que ainda gosto.
Hoje, sei que ele me vê, que ele me lê, que ele ainda se importa comigo.
Hoje, eu sei que por mais que tudo isso tenha acontecido, ele cortou o mal pela raiz. E eu sou obrigado a conviver com isso até o fim.
Eu o perdi.
Sem amor, sem esperança.
Sem dar valor para o cara excepcional que eu tinha, até que o perdi...