Eu Vou Por as Cinzas do Meu Coração na Casa do Diabo

Eu quero mastigar meu coração. Quero sentir cada veia saltar e explodir em minha boca, cada pedaço macio de tecido roçando em minha língua. Eu quero mastigar meu coração pra depois cuspir ele fora, pra que ele não desça pela garganta e se instale no mesmo lugar. Eu vou cuspir meu coração no fogo pra não sobrar mais nada. Nenhum resquício dessa besta. Pra ele não me fazer mais de besta. Eu vou por meu cérebro num pedestal e gozar da razão. Racionalmente vou restituir minha vida sem me importar se alguém vai se magoar ou não. Meu cérebro quer estar no topo. Eu quero ser sublime. Eu vou por as cinzas do meu coração na casa do diabo. E que faça o que quiser que o coração queira. Se o diabo quiser ficar, que fique. Que tenha sentimentos como eu e que sofra. Hora ou outra ele vai descobrir e eu também que não posso mastigar meu coração. A pior parte é que ele vai continuar batendo. E enquanto sento na calçada dos meus sentimentos com o capeta vou diluir meu coração nesses versos.