LABIRINTO

LABIRINTO

Salve as pulseiras de aço

e a língua do delator,

o cartão corporativo,

o cálculo criativo

e o voto de relator,

o país que vai pro espaço,

dança fora do compasso,

salve as flechas do Janot.

Salve o jato que clareia

a escuridão criminosa,

salve o não sei de nada,

o eu não vi, não estava lá,

a Santa maracutaia

e a flor do maracujá.

E eu no topo do alicerce

da Pirâmide Social,

e quem é que me gara

nada de novo aconteça,

e tudo então permaneça

como sempre, tudo igual.

Navegar não é preciso,

melhor manter um sorriso

pra qualquer ocasião.

O castigo vem à galope

de um alazão paraguaio

e a taxa do quebra galho

fechada num envelope

coisa assim convencional.

E eu quase que me perco

na quina do labirinto,

não digo nada com nada,

tanta conversa fiada

e aquele nó na garganta,

minha paciência é tanta

que nem sei direito quanta,

e vou parar por aqui,

pelas pernas do Saci,

talvez melhor que eu me cale.

e lá vem o carro de boi,

vermelho roubando a cena,

dele um velhinho acena

e canta hô hô hô,

vai votando...

estou voltando

AC De Paula

#acdepaulapoeta

#poetaacdepaula

AC de Paula
Enviado por AC de Paula em 12/12/2017
Reeditado em 05/01/2018
Código do texto: T6197396
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