Desajustado na vida
“Não tenho um tempo para cada situação e não me importo com o período que cada circunstância queira acontecer.
Não tenho a idade para casar, nem para se formar, tampouco para morar só, nem para se manter economicamente, nem para crescer ou bem sobreviver; aspirações naturais humanas.
Não tenho a pretensão de correr demais só para mostrar aos outros o que não sou, por medo dos falatórios ou prejulgamentos.
Ao mesmo tempo em que não preciso aparentar nada, não desejo me importar com o juízo de valor da sociedade sobre mim.
Mas tenho sim, certa “vergonha própria” que me leva a andar cauteloso, não como devendo favor a outrem, mas esperando continuar sendo digno do mesmo respeito que dispenso ao meu semelhante. E assim permaneço, quieto, silente, observando todos e procurando a melhor maneira de ser apenas eu, mas sem me importar se o que eu plantei ainda não vingou, não cresceu, não floresceu, pra quê pressa?
Pelo contrário, ainda que, para mim, tudo aconteça num tempo diferente dos demais, espero acontecer, e permaneço sendo um desajustado na vida, que não segue o tempo definido para cada acontecimento, mas espera o que tiver de vir para mim. Sou refém do tempo, aceito a sua sentença sem pestanejar”.