Palavras para ninguém
Palavras sem direção
E assim, palavras sem emoção
Expressões de terror
Numa face sem amor
Amor e lamento
Palavras jogadas ao vento
Num papel que viraria um avião
De cima de um prédio voaria sem direção
São palavras para quem não existe
E demoraria muito para que eu explique
Que essas palavras estão erradas
Na triste ordem de quem não entende nada
E sendo nada, elas são tristes
Moldadas à imperfeição
E na minha feição
É tudo que existe
São palavras de insolência
Da pura inconveniência
Que foram escrever novamente
As palavras de sua ausência
Sei que errei
Pois estas palavras rimam com incoerência
Palavras duras
Que não sairão daqui
E se fosse por mim sequer existiriam
Mas a existência é relativa
De uma dúzia de palavras mal ditas
De quem não existe
Para alguém que já existiu
Maldita era minha voz que não se ouviu
E não se ouvirá
Num avião de papel vou desenhar
A infelicidades de palavras sem amor
Palavras sem sentido
Palavras de alguém perdido
E não sabia para quem falar
E não tinha ninguém para escrever
As palavras sem sentimento
É tudo que eu posso fazer
E hoje elas ressurgiram
Fizeram companhia para mim
Por si só descobriram
Que isso não era o fim
O fim tinha música de bordel
O fim estava num avião de papel