Precipício da Palavra

Os números estão sempre coincidindo no relógio

Os prazos sempre são apertados

A noite é mais aproveitada que o dia

A mentira encobre alguns defeitos

Papos agradáveis sem vontade de falar

Mais doses de bebidas horríveis

Gol do meu time faz tempo que não vejo

Alegrias são as minhas raras emoções

Em ver coragem em olhares desconhecidos

Mas poucas foram às novas noções

Encontradas diante da retina encoberta

De dias e dias correndo nas mesmas rotas

Não sou de esquecer o caminho

Mas enquanto houver resquícios daquilo que vi

As pedras paradas e os ratos corredores

Foi escrito a um tempo que é melhor ser uma pedra

Do que arriscar a se machucar e ver que não era bem assim que deveria ser a nossa volta e de revolta as pessoas insistem em dizer estarem cansadas de sofrer

O precipício da palavra que resta para disso me safar

Com os dedos calejados e os sapatos apertados não tenho do que reclamar