Quase dezembro...
O tempo se mostrou implacável. Tenho a impressão de que a vida segue mais rapidamente. Penso que essa sensação pode estar relacionada à idade em que me encontro. Ainda não adquiri serenidade suficiente para desacelerar e, o esforço que empreendo para perceber os sinais da vida, amenizam as expectativas e ansiedades, porém, estou distante da placidez que almejo. Pesquiso formas de conduzir o caminho sem pressa, observando dificuldades internas que precisam ser elaboradas, passados que devem somente ser lembrados, expectativas que necessitam de simplicidade.
Os fatos conduzem a realidade e instigam-me a reflexão. O quadro pouco otimista, os discursos negativos, a insistência do mal que parece sobrepor ao bem... O futuro... Da humanidade, dos meus, dos seus... O desalento. Tempos difíceis!
No entanto, essa chama de luz que me envolve, que envolve a todos que creem... Sustenta-me, afiançando-me que o acaso não existe, que não há mal que persista para sempre, que se cada um de nós continuar agindo e vibrando a favor da paz, cedo ou tarde, estaremos envolvidos pelo amor que tanto almejamos.
Chamem-me de utópica, inocente, ingênua... Meio século de existência, não me ofereceu nenhuma certeza. Os improváveis caminhos, as imprecisões, as dúvidas e as dores mostraram-me que, como diamantes brutos, carregamos uma fonte de luz inimaginável.
Sei que não possuímos a mesma crença, que vivemos em mundos diferentes, que falamos línguas diversas e temos sonhos distintos, mas certamente almejamos o mesmo... A Paz que desconhecemos, a placidez da alma que clama pela calmaria sem inércia.
Wanderlúcia Welerson Sott Meyer