Ago-ra-nia
Um lembrete; não esqueça!
O fim do mundo não são chamas nem fogo e definitivamente não é um dilúvio, a ira do criador sobre os pecadores. O fim do mundo está ao nosso lado diariamente, dormimos e acordamos com ele.
Como uma bomba relógio programada sutilmente pelo terrorista da mais alta finesse. O fim do mundo não é um produto substancial, não é um objeto palpável, não é resultados das más ações dos homens.
O fim do mundo é dormir cansado e de manhã abrir os olhos sem brilho da esperança, a opacidade da desilusão afugentando este brilho.
O fim do mundo mora logo ali, no coração quebrado, nos sonhos despedaçados.
O fim do mundo é um combo de anos de uma vida de dedicação que perdeu a importância. É o embotamento, é o peso na alma, a estagnação, a decepção.
O fim do mundo é a briga pelo afeto não merecido, é a cartela do antidepressivo.
Outro lembrete: Não esqueça de nunca esquecer.
A vidraça do vizinho é mais colorida, isso não quer dizer que a vida dele também o é.
A vida são retalhos, fragmentos de historias não acabadas formando uma grande colcha desconexa de momentos roubados.
Desilusões vão e voltam trazendo manchas negras de retalhos, pedaços de agonia.
A solidão forçada é o melhor castigo, contra o tempo, contra as pessoas, contra a vida. Solidão!