Visão de uma cama.
Certa vez uma cama hospitalar, foi recolhida para o lixo, de acordo com seus fabricantes e antigos donos, já não servia para o uso ou para ser comercializada.
Ao chegar no lixão, se viu jogada a outros móveis descartados e considerados descartáveis.
Então, um morador de rua, aproveitou e naquela noite dormiu nela, tendo seu papelão como colchão, aliás a melhor noite de sono em muitos anos na vida daquele humilde homem, então, durante o descanso, sonhou que a cama o contara estórias e a cama começou assim:
Estória 1.
Necessidade de um desespero.
Um filho viu seu pai acometido de um mal grave e a tirar pela idade do pai, uma recuperação seria algo improvável.
Aquele senhor precisava da cama, o filho tinha um emprego e recebia apenas o suficiente para suas necessidades e de seus filhos e esposa, gastos com energia, alimentação, remédios e coisas do tipo.
Já, o pai, (idoso), era, um senhor aposentado, com custos elevados que mal davam para comprar os remédios de que necessitava, junto também tinha uma dieta rigorosa e consultas periódicas que saiam caras.
O filho não exitou e contraiu um empréstimo, sufocando ainda mais seu já tímido orçamento mensal, comprou a cama para o velho pai.
No fim do dia com alegria chegou na sua casa, onde colocou o pai para morar junto com a esposa e seus filhos, trouxe a cama e o colchão específico para proporcionar menos sofrimento ao seu velho. Cansado do dia de trabalho, deu um beijo na esposa, nos filhos e no pai, tomou um banho, jantou e correndo foi montar a cama e acessórios, depois de tudo feito, a colocou no quarto e pegou o pai nos braços, mas, no momento em que carregava o pai, sentiu uma respiração ofegante que saia de seu protegido, então, colocou o pai já sem vida na cama e notou, só depois.
Decepcionado, frustrado e triste, desmontou a cama, logo após o velório e a desprezou em seu quintal, tentou vender, já que estava pagando ainda, mas, não aparecia comprador, resolveu, então doar e colocou em seu facebook, mas, não, aparecia alguém que a procurasse.
Passaram-se, então, dois anos e a cama permanecia desprezada.
Mas, eis, que surgiu um necessitado, que por coincidência pediu com muita súplica para outro pai.
Aquele móvel, que trazia fortes e tristes amarguras finalmente, encontraria seu papel, e, sem penstanejar ele a doou, com um pedido apenas, que não fosse repassada para um hospital e sim para uma pessoa que a necessitasse.
A cama, então, atravessou duas cidades, não tão próximas e foi para outro idoso, este, um pouco mais debilitado que o antigo dono, foi pintada, montada e entregue ao cotidiano do novo paciente, ela testemunhou, muitas lágrimas, dores e noites em claro, até que após seu uso diário por quase um ano chegou ao fim, quando o idoso não resistiu e faleceu também.
A reação dos familiares foi de culpar as memórias e destruíram a cama deixando ela sem valor de mercado.
Porem, lá, estava ela no lixão servindo a um sono renovador de um morador de rua.
O morador acordou e pensou, será que aquele sonho tão real, teria sido só um sonho?
Foi embora, logo ao acordar e nunca mais voltou ao lixão.
Para se contar uma história que leve a uma reflexão, não há necessidade de se ter propriamente um fim, pois, nem tudo é tão exato quanto a matemática, coloque um fim, você que leu e dê um sentido, a tudo que escrevi.
Pois, o fim nunca é o que achamos.