Quem sou
Eu tenho essa mania, vício, de exagerar o simples e de simplificar o imensurável.
Brigo por bobagens e desconsidero as piores das ofensas.
Se for para traçar meus defeitos vou listar extensivamente adjetivos pouco utilizados de nosso rico e diversificado dicionário.
Em contrapartida, tecer auto elogios é complexo e, às vezes, impraticável.
Dedicamos mais tempo conhecendo os outros do que a nós mesmos.
Consideramos que relacionar-se bem é conhecer melhor e de fato é, porém, mais importante do que conhecer o outro é conhecer o eu.
Esse eu que se esconde entre os traumas e decepções, o eu que intrinsecamente amedronta nossa alma e nos castra os desejos e sonhos.
Antes de conhecermos o amor da nossa vida, o príncipe encantado, nós precisamos conhecer o vilão que habitá o reflexo que não enxergamos.
Foi olhando intimamente para a filosofia do "quem sou eu" que pude entender: apesar de meus defeitos, tenho o dom de não esquecer sentimentos.
E por mais que eu não demonstre, sou cheio deles.
Meu sentimento tem forma, cor, sabor.
Eu vivo tropeçando no meu ego orgulhoso e peco pelo excesso de medo de amar.
Mas por ironia da vida,
quanto mais medo eu tenho
mais amor, em mim, transborda.