O DISCURSO CONTRADITÓRIO E A RETÓRICA DO "MIMIMI"

É verdade que todo discurso está fadado a contradição, isto porque, o discurso visa atingir objetivos específicos e de interesses à quem o produz. Para estes fins, durante a argumentação, o importante é convencer (ou enganar, ou subverter ou se vangloriar), mesmo que os argumentos citados, para defender outras ideias, sejam usadas em outro momento- dias depois, minutos depois- de forma contraditória.

Um exemplo claro deste pensamento se encontra no discurso do LAICO, do RESPEITO e da DIFERENÇA. A laicidade é tomada como algo em que o Estado é isento de qualquer religiosidade. O pensamento religioso, portanto, deve ser abolido- e anulado gradativamente ou por castração- das escolas, dos partidos, das instituições e etc. em favor do "respeito" aos que não tem religião. O contraditório, porém, é que a laicidade em nada tem a ver com o estado ateu, em que se exclui a religiosidade. No jogo do laico, ou no discurso do laico, a fé precisa ser anulada em respeito ao que não tem fé, mas o que não tem fé não precisa compreender nem permitir a livre expressão da manifestação da mesma, pois aliás, manifestar a fé publicamente é um ato de desrespeito ao estado Laico, poque afinal de contas, a laicidade é "plural".

Neste contexto, o respeito é a palavra-chave do séc. XXI. Respeitar as minorias, os de necessidades educativas especiais, as mulheres, os negros, os latinos, e etc. No entanto, qualquer ideia contrária, que se oponha, que se expresse em divergência da "elite das minorias"- e não das minorias em sí- em nome do "respeito" precisa ser cassada, ridicularizada e dilapidada em pedacinhos, e se preciso for, triturar até virar cinzas. Afinal de contas, os que precisam ser respeitados são todos aqueles que pensam igual a mim, que lutam pelos mesmos ideais; e o que não se encaixa nesta "pluralidade" é o Opressor, dentre as quais, a fé que oprime, precisa ser oprimida pelos que não tem fé ou fé diversa.

Da mesma forma, a diferença é usada como pretexto para anular outros diferentes. Em nome do "Fora homofóbicos, fora machistas, fora políticos religiosos, fora conservadores e fora quantas palavras "respeitosas" puderem enquadrar ou estereotipar o "OPRESSOR", os discursos são plausíveis em nome da diversidade ou da diferença, em que aliás, os diferentes são apenas aqueles que diferem do "pensamento elitista", e em prol do diferente, o que difere ideologicamente nunca e jamais pode ser entendido, também, como um sujeito diferente.

Nesta retórica do laico, diferença e respeito, os dados devem ser modificados, omitidos, ocultados ou "questionados" sobre os das minorias que possuem, em sua maioria, o poder da mídia, pois afinal de contas, eles sabem o que é Respeitar e o que é melhor para a Nação e para o Mundo. Desta forma, para argumentar e convencer respeitosamente, é necessário apenas um pouco de manobra midiática, visibilidade dos erros históricos e atuais de líderes religiosos- mas sem nunca mostrar seus aspectos positivos- trazer o debate para a população através de dados mentirosos e refutáveis em que todos os intelectuais convidados precisam pensar igualmente, por que, não se pode dar voz aos preconceituosos.

Fico pensando neste discurso contraditório, e não consigo desassociar das crianças que no Mundo estão. Um paralelo entre as menininhas e o menininhos que quando outra criança diz apenas que não gostou do seu brinquedinho ficam chateadas, choronas, birrentas e acusam a criança opressora de ter "batido" nela . Um "mimimi" só.... de novas crianças burguesas...

Felipêncio Júnior
Enviado por Felipêncio Júnior em 10/11/2017
Reeditado em 10/11/2017
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