Apaixonar-se pela ideia
Apaixonar-se pela ideia de se apaixonar é tamanha ilusão dos sentidos, que nada importa além desse sentir.
Nada que o objeto da paixão faça ou deixe de fazer está em questão.
Nem mesmo quem ele é, qual o tom de sua voz ou se há qualquer paixão de volta.
Importa mesmo é nutrir a ilusão de estar apaixonado e buscar a comprovação da existência do inexistente.
Busca-se por sinais, palavras e olhares que não acontecem, mas imagina-se que sim.
Logo vem a frustração, quase que autoflagelante, para dizer que tudo era um enredo imaginário. Nada foi real.
Tanto faz, como dito, o objeto: dá quase para se dizer que é uma vítima de uma decisão equivocada. Algo como "este será o escolhido para justificar a paixão por uma ideia".
O grande porém, infelizmente, é cair na realidade do tempo e energia gastos com algo sem nenhuma sintonia, mas sentindo dor de verdade.
Nenhuma ilusão nessa hora: doi mesmo, machuca como se paixão tivesse sido.
Mesmo enxergando nada além da vontade de sentir. Mesmo percebendo que nada vinha da tal vítima, ao menos para a história ficar mais real.
De toda a experiência fica a lição de que apaixonar-se não é uma escolha, mas algo totalmente sem propósito e sem decisão.
Quando é para ser, simplesmente é, com o perdão do clichê.
Os dois lados se sentem numa sincronicidade e harmonia tamanhas, que não há dúvidas de que sejam um par, e não dois solitários desencontrados.
Quem sabe na próxima há de existir clareza de visão e nenhum plano?