POR QUE ESCREVO?
Como diria nosso grande Casimiro de Abreu, "Oh! que saudades que tenho/Da aurora da minha vida,/Da minha infância querida/Que os anos não trazem mais!". Sim, a infância nos marca de uma forma singular, espalhando pelo ar lindas cores, deliciosos sabores e frescores, que não cansamos de recordar. Quando pequena, pela escrita e leitura me apaixonei, irremediavelmente. Não sou lá nenhuma escritora ou poetisa de fato, mas arrisco os meus borrões e deixo o meu recado. Escrevo, isso é certo... escrevo para dar vazão a tudo que me envenena, a tudo que me condena, a tudo que me deleita à espreita do luar, do céu, das árvores e do mar. Às vezes, sinto uma força tão pungente, enchendo de angústias o sensível coração latente. É daí que vem a louca necessidade por um pedaço de papel, para fazer transparecer letras, palavras, frases, conceitos e ideias misteriosamente fascinantes. É incrível como movimentos contornados por uma simples mão conseguem construir mundos estranhamente seguros, que há tempos sonhados, ardem em pensamentos profundos. Escrevo para exteriorizar as mágoas que cortam minha alma. Escrevo para dar voz a uma conversa antiga, para ver dançar borboletas coloridas diante de meus olhos. Escrevo, meu caro, com a pretensão de conseguir ouvir e entender meu eu. Escrever é ser inteiramente sincero consigo mesmo, do famoso "era uma vez" até o "final feliz". E agora, por que estou escrevendo? Porque é preciso, porque o tudo existe, porque estou triste por querer brilhar no espírito das pessoas. Nós merecemos ser felizes, para isso existimos. O magnífico destino da humanidade é viver para aprender e viver de ensinar. Realmente, não sei escrever coisa com coisa, mas sou grata pela coragem que tenho em me arriscar a dizer. Arrisque-se.