CONSCIÊNCIA E DISCERNIMENTO
Um verdadeiro despertar da consciência não surge sem que haja sensações constantes de amargura e de tristeza; além de um sentimento profundo de desilusão, perplexidade e angústia. Um despertar de consciência é sempre um misto de transfiguração, sofrimento e crescimento espiritual; é, portanto, a estranha condição das almas mais solitárias e sensíveis. Quando um ser humano deixa resplandecer o seu ser com o fogo do discernimento e da sabedoria (em seguida, irradiando um prisma de ensinamentos, ideias e reflexões para o mundo em que vive), corre o risco de perder o encanto pela vida, descobrindo o engano que permeia a existência dos indivíduos em sociedade. Um grande discernimento revela ao coração dos homens mais sábios a vanidade das ambições de tantos indivíduos (vulneráveis ao engano das ideologias, dos modismos e dos estereótipos do meio social em que estão inseridos). Revela também a escassez de fundamentos e de valores sólidos que caracterizam as relações interpessoais de nosso tempo, relações permeadas de superficialidades e futilidades. Apesar da amargura presente num ser humano repleto de consciência e de discernimento (lúcido o suficiente para descobrir a inutilidade das empreitadas humanas, como também o fracasso dos planos e projetos arquitetados pelos poderosos), é possível que subsista no seu ser a liberdade de iluminar a sua própria existência na ética da responsabilidade. E através desta, porventura, dê maior abertura para a oportunidade, surgida no seu espírito, de se ornamentar de valores transcendentes e perenais, como integridade, amizade, amor, piedade, santidade, coragem, sinceridade, retidão e simplicidade.