É Cecília
A gente se acostuma, mas não devia. Já dizia Cecília Meirelles. E faz tempo...mas continuamos acostumamos, ou nem se importando, ou pior nem percebendo. Não percebemos que morar na área periferica das cidades grandes traz mais prejuízo do que beneficíos. Mora-se numa casa precária, num local que tende a se expressar por meio da violência, por diversas razões. Acorda-se bem cedo, mal toma-se café (se é que tem dinheiro, para tomar um café da manhã). Vai para o ponto de ônibus que já está lotado e começa a labuta do dia. O corre corre do trabalho que não te faz pensar, geralmente atrelado a ordens administrativas, vendas, metas. Chega em casa tarde, seja por hora extra no trabalho, seja porque precisou enfrentar a fila no supermercado, seja porque preferiu esperar o outro bus, porque aquele estava lotado. E assim vai a semana, o mês, o ano...não se pára para pensar se essa situação te faz bem. Apenas se raciona eu preciso pagar contas. E o olhar da vida corrida não está apenas nos moradores da periferia (que sim, sofrem muito mais, por ter baixos salários, por ficar restritos oi excluídos ao que a sociedade poderia proporcionar). Mas que mora no centro também sofre, geralmente mora em apertamentos e muitas vezes não consegue se perceber, vive sempre trancado, tentando amenizar os barulhos e a poluição da cidade. Estamos sofrendo sim.Quando o ser humano não consegue se perceber como ser humano, quando se olha no espelho e não o sente. Quando não entende os seus valores e o percebe como ele é. Bem são poucos os que param para refletir sobre isso, ou dialogar com alguém sobre essa percepção. É Cecília, a gente se acostuma, a gente nem se importa, a gente não percebe, mas não devia.
Camila Amaral