O TEMPO E O VENTO

Correm juntos o tempo e o vento, na poeira da estrada de terra.

Vão-se os sonhos em sofrimentos que em tempestades de mágoas encerram.

Sangue no chão, seres apavorados, lágrimas nos olhos.

Faca na mão, corpos caídos e alvejados por uma tola discussão.

Muita gente aglomerada na rua, perplexas, sem coragem de atravessar.

Alguém diz em voz alta:

-A culpa é toda sua, por não saber me amar.

Quantas vezes fiquei chorando, a falta de um carinho seu

e você de mim, sempre zombando, acenando me sua mão num adeus.

Assim não suportando mais viver esta vida amargurada, decidi que nunca e jamais, queria lhe ver, ó minha amada.

Porém olhando seu corpo caído no chão e seu sangue na calçada, escorrido, confesso lhe coberto de paixão e profunda dor.

Não era esse meu desejo escolhido, pois não imaginava que chegaria a fazer lhe tamanha loucura.

Agora o que mais me importaria, senão acompanhá-la à sepultura.

E neste momento de grande tensão, onde muita gente aos gritos implorava sem cessar:

-Tenha calma, por favor, não faça isto.

Porém foi tudo em vão, pois aquela onda negra de um amor mal resolvido, que o dominara de forma bastante alterada, já não lhe permitia mais nenhum controle.

E assim, trêmulo e com a faca na mão, pôe também fim a sua própria vida.

Enquanto na poeira da estrada de terra corre quais duas crianças o tempo e o vento, misturados entre os sonhos e sofrimentos.

Ficando apenas as mágoas, os ressentimentos, lágrimas, sangue, poeira, chão, e vidas perdidas, sem amor e sem nenhuma razão de ser.

Nova Serrana (MG), 10 de agosto de 2006.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 11/10/2017
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