Do Passado ao Presente
Como atingir-te? Alma alheia
Teu cinismo
Tua negação
Sou a te amar, a te servir
Como despertar-te? Alma presente.
Balançar-te.
Por que?
Será eu a gritar este pretérito rouco
A lançar e repetir como um louco, roto.
O som do colibri / neste céu de estrelas cadentes.
É o livro, a história, a poesia.
É o mito, a ciência, a filosofia.
O que posso oferecer-te? NADA!
Porque nada queres que partas de mim.
Sou a herança simbólica do mundo
Como fazer-te sentir? A melodia que vivi
Que me faz adentrar
No palácio das veredas do tempo
Esse vendaval de folhas secas.
Tudo parece ruir.
No império do efêmero
Não vejo, não presinto
A constância poética do nascer dos dias.
Dá-se um nó na garganta
Ao pensar nesta geração
Órfãos de si mesmos.
O novo amanhece
E o crepúsculo se dá
Simultaneamente.
Não possuís preceitos
És intolerante
Narcísico
Pura negação, sem explicação.
O nunca gritado aos quatro ventos
Constroes o mundo na minha ausência
Impermeável.
Faz de mim um inseto incômodo
Eu que a vida a ti entrego.
Porque és o futuro.
Sou o passado
A marca do sagrado
A experiência
A dor de vários dias e tons.
Rejeitas a orientação
Não há sentido em ser
Sem te tocar
Oh! Devenir.
Lançado ao acaso
No vazio do tempo
Castelo de areia exposto ao vento
À arrebentação dos dias
O que será de ti ?
Se tua força está em me percorrer ?
Frágil alvorecer.