O que é que há?
Num olhar singular, há o imprevisto
O não dito, o misto, o prefixo.
Há o toque, mão que toca e é tocada.
No passar do tempo, há o detalhe
A criatura e o criador
Beleza, caridade, subjetividade
Lá na mesa de bar, há o desprezo
Conquista, derrota, vitória
Há a despedida, o copo vazio.
Na boca do sujeito, há o cigarro
O trago, a semelhança, o reconhecimento
Nenhuma sobra, nem mesmo de fumaça.
No caderno, há os pequenos terremotos
O abalo, a cisão e a metáfora
Há somente o desejo.
Naquela boca, há a mentira
A guerra, a paz, o confuso
Há somente memória.