A Fêni


Não quero falar de reencontros, mas de encontros inéditos. As pessoas, as de antes, não permaneceram as mesmas e eu, com meu olhar novo, também trouxe o ineditismo no (re)conhecimento. Eu me reergui de dores muito fundas sendo apenas eu a minha bagagem e tendo somente meu corpo como casa. Entendi plenamente o que é morar no caminho. Precisei me desfazer de coisas: tantos acúmulos de vaidade. Precisei arejar minha alma e limpar meu coração todos os dias e trazer uma manhã viva para cada passo. Nos momentos em que tive a sensação de perder o chão, tive que flutuar na coragem e encontrar fé mesmo quando não tive onde me segurar. Tive que me tornar leve para construir não a estrada, mas a pegada. Cambaleei até encontrar firmeza e fui explorar novas paisagens: internas, externas. A alegria, o entusiasmo, tive que permitir que chegassem, que permanecessem. Tive que entender que o mundo não me deve nada e que tudo me é ofertado: e escolhi minhas experiências como quem escolhe as sementes das flores que serão plantadas. Hoje eu colho a clareza.
Fui abrindo porta a porta até me libertar da clausura do medo. E entendi que suporto e supero qualquer perda: tenho em mim todos recursos.

Hoje eu vejo que não sobrevivi a nada:
Eu apenas renasci.
Apesar de tudo.
Clusius
Enviado por Clusius em 24/09/2017
Reeditado em 24/09/2017
Código do texto: T6123702
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