POR UMA VIDA NÃO FASCISTA, PELA VIDA COMO OBRA DE ARTE!

É preciso libertar toda ação política de toda forma de paranoia e fórmulas totalizantes, ligar o desejo à realidade, apostando no múltiplo, na diferença, nos fluxos, nos agenciamentos móveis em relação aos sistemas.

Tudo que é produtivo é nômade e não sedentário, assim como o pensamento não confere a prática política qualquer valor de verdade. O indivíduo, por sua vez, é produto do poder, sendo inútil a afirmação de direitos, tal como tradicionalmente preconizado pela filosofia. É preciso desinvidualizar o individuo através da diversidade dos agenciamentos que tornam o grupo uma instância de multiplicação e deslocamentos. É preciso tornar a própria vida uma obra de arte contra as artimanhas e seduções do poder politico, contra toda estilística fascista e constrangimentos institucionais. A liberdade é sempre movimento informe e incerto a ser construído como prática cotidiana de si mesmo e dos outros.

Quando Foucault, no paradigmático prefácio que fez a edição americana do Anti-Édipo, de Deleuze e Gatarri, nos convida a tomar esta obra, hoje clássica e essencial, como um tratado sobre ética, como uma crítica aos fascismos cotidianos e contemporâneos, ele também nos provoca a pensar a politica como estilo de vida e busca por novas técnicas de existência. Assim, a política se coloca como uma linha de fuga em relação ao jogo do poder, como a construção de uma estética ou cuidado de si. Nada mais atual em tempos em que a ação politica foi deteriorada pela afirmação vazia e normativa das ideologias.