Eu não vou sair daqui hoje.
Eu sou lado a lado com a solidão
Gosto de ficar sozinha
Gosto de passar horas lendo, pensando ou assistindo.
Eu não sou da farra
O meu negócio você não vai entender
Eu explico duzentas vezes
eu ainda compro CDs
Coleciono cartas em um velho baú
Escrevo grandes obras mentalmente
Eu sou a peça que não encaixa
E eu sei disso faz tempo
Algumas pessoas só sabem meu nome
Me apertam, dizem me amar
E não sabe o quão sentimental eu sou (principalmente nas noites antes de adormecer)
Eu não sou fã de ligações telefônicas
Festas onde a bebida e as drogas são o que fazem tudo acontecer
Eu não gosto de músicas que não tenham conteúdo
Eu não entendo essas pessoas rasas
Enquanto existem outras tão raras
Falta amor
Falta poesia
Falta rimar
Falta abraçar
Falta amar
E é por isso que ninguém consegue chegar tão próximo de mim quanto deve imaginar.
Existe uma capa, uma cápsula protetora.
Eu não esfriei, eu não azedei.
Eu só quero ser quem sou, sem dar explicações tediosas, desculpas esfarrapadas.
Eu sou só
Eu gosto de ser tão só
As pessoas invadem
Me enchem de perguntas
E eu sinto muito, mas eu não tenho respostas.
Eu gosto do céu, principalmente estrelado.
Eu amo os cães, pois eles simplesmente entendem que preciso de espaço.
Eles me amam, como sou.
E é bom não precisar me explicar o tempo todo.
As vezes eu atravesso a rua, ou finjo mexer no celular, principalmente quando avisto alguém que vai fazer aquelas perguntas sem nexo:
Namorando?
Estudando?
Grávida? Nossa você engordou...
Eu reviro meus olhos, eu respiro fundo, aciono o automático, e respondo tudo feito um questionário.
Ali eu sei que é por essas e outras que me tornei essa pessoa.
Tenho preguiça da rotina, preguiça dos preconceituosos, dos tediosos, dos tals donos da razão.
Não é que eu não ame as pessoas, é que eu só não me identifico com a maioria delas.