Chuva

"Sem prever a chuva saí sem melhor roupa para dançar... Como é bom a água tocando o rosto, massageando o corpo, lavando e levando a trsteza, sim, lágrimas se misturam as gotas de chuva e uma enchente de sentimentos se esvai de mim... Ahhhhhh essa chuva, por vezes vem com vento, daqueles que corta a carne, corta a alma e o coração... Vento tempestuoso, bruto me tira o prazer da dança, me faz buscar abrigo... Estar molhado é o menor dos problemas, dói é sentir-se só, mesmo com tantas pessoas correndo em direção ao mesmo abrigo, ou abraço ou sensação de querer sentir-se seguro... Não sei, penso que este lugar pacato não foi feito para mim, os céus piscam em concordância ou será um relâmpago? Me canso de fugir da água, da chuva, do vento e de mim... Prostrado encaro minha imagem destorcida na poça, nunca se pareceu tanto comigo, trêmulo, confuso, me reconheço ali, me espalho com as mãos e sigo... A chuva já se foi... Não há mais camuflagem para as lágrimas, para os sentimentos ou para quem sou, ou me tornei ou estou a me tornar..." Divagações A. Lucas