O Eterno
Eu via. O céu transmutou-se em tempestade. Lampejo de almas que subiam rodopiando. Eram crianças, velhos e pessoas comuns. Todas de mãos dadas alçavam voo. Iam por direto e rumo ao alto. Rompiam a camada de ozônio. Uma beleza imensa de coisa morta transcendente. Brilhavam e reverberavam em meus olhos pouco crentes, minha dor do belo se fez ali. Tinham rumo, seguiam para o impossível. Era o eterno se revelando. Misturaram-se com as estrelas, foram se desvanecendo, até se tornarem um ponto único, longínquo, pouco provável. Depois bateu uma brisa de saudade, um arrepio de coisa muita. Percebi que eram nossos mortos rumando para vida.