O simples, o ser.

E eu não fui.

E eu não quero ser.

E eu não sou a mesma.

Não sou um resumo e erram-se quando tentam me enquadrar a um.

Não sou teorias ou matérias lidas sobre auto ajuda para ser um padrão melhor de ser humano.

Não sou um relacionamento ou um status.

Não, com certeza eu não sou só uma frase bonita.

Não sou minha rede social, minha conversa banal ou minhas leituras diárias.

Nem sou os meus filmes favoritos ou minhas músicas também.

Não sou quando quero falar ou quando quero escutar.

Desculpe se pensou que eu sou a necessidade de aceitação, porque também não sou.

Não sou doce como me definem.

Não sou minhas ambições.

Não sou meu cabelo bonito.

Não sou essa correria de cidade.

Não sou o seu rótulo.

E também não sou a sua definição.

Sou chuva.

Sou a dança que pode ser feita enquanto ela cai.

Sou o frio que as vezes chega a incomodar de tão forte.

Sou a lua cheia que as vezes é tão sexy com seu brilho à noite. E em outras noites está tão pela metade que mal consegue ser enxergada.

Sou o suspiro do dia ao acordar.

Sou a dor na cabeça quando algo não vai bem.

Sou a árvore antiga que insiste em ficar com sua raiz.

Sou o mar que ainda não conhece totalmente suas profundezas, afinal, a profundidade e intensidade são infinitas, das quais nascem grandes ondas,

Ah, e eu sou as ondas por sinal.

Sou o nascer do sol mansinho que chega devagar e aos poucos exala tua verdadeira luz pro céu.

Sou um prédio da cidade cinza que cai quando descobre que mais uma vez, a idealização tomou conta.

Sou a observação do cheiro bom do chão molhado com a chuva.

Sou forte como a árvore antiga,

Mas sou fraca como quando a mesma árvore fica numa neblina de outono: sem folhas, molhada, mas na raiz.

Sou o céu sem arranha-céus pra atrapalhar, depois que todos caíram.

Sou o chão sem asfalto.

Sou o escuro da noite sem os postes de luz.

Sou o dia sem as passarelas e as casas.

Sou como uma carne crua, na qual insistem em colocar temperos para muda-la.

Mas eu quero ser crua.

Quero ser.

Na verdade,

Eu não consigo ser outra coisa.

Thaís Cordeiro.