O palco
A relação com o palco é algo fascinante.
Não é que haja exatamente uma obrigação em nada, mas sim uma certa responsabilidade.
Os olhares serão trocados, e passar a informação de maneira fluida é um trabalho intrigante.
Não sei, ainda me questionando, até que ponto tenho que estar de um lado e a platéia de outro, se no fim das contas, a mensagem que quero propagar diz que a individualidade é o que faz o todo, todos juntos.
Não sou melhor, nem pior que ninguém, e quero que entendam.
Quero que vejam nos meus pelos que sobem, quando bate o arrepio de colocar o primeiro pé dentro do palco. Quando de cabeça baixa vou estar pensando um turbilhão de ideias, que queria que todos estivessem ouvindo. Talvez apenas em pensamentos eu consiga ser puramente e completamente entregue a sensação que é viver, e ter que repassar essa essência.
Quando levantar a cabeça, espero ver sorrisos e entrar com a alma pura e livre de julgamentos e precipitações.
Quando abrir a boca pra cantar a primeira nota, quando tocar os dedos na corda do violão, quero me esquecer totalmente do dinheiro, do retorno, e de qualquer coisa que possa "pagar" minha presença ali. Viver não tem preço, realmente.
Quero conseguir fluir de tal maneira, onde não haja preocupações, apenas meu exagero sincero de sentimentos, nenhum tipo de pudor e tentar desapegar de algum ego que possa transparecer.
Que o palco seja aberto, pra todos os olhares e sensações pairarem em cima de mim... Leve, calmo, bom...