SOMENTE O NECESSÁRIO

Ela nunca foi a popular. Nunca. Quem sabe agradável, risonha, engraçada até, mas nunca foi a popular. Não que isso fosse uma meta, nunca foi. Mas, parecia muito providencial ser paparicada todo o tempo, viver cercada de pessoas sempre solícitas, sempre amáveis, sempre dispostas a dar um jeitinho aqui e ali. Certamente, não seria isso o que o destino lhe traria, pelo contrário; em seu caminho não haveria solicitude, mas alguma animosidade. Uma palavra negativa, uma indisposição no agir, um olhar enviesado vinham como resposta a qualquer demanda. No começo, foi difícil descobrir-se excluída dos chamegos sociais. Poucos convites, minguantes requeiros, quase nenhum afago. O fato é que logo cedo as exigências da vida levaram-na a percorrer outro caminho que não o da popularidade. Aprendeu a confiar em si mesma e a desenvolver autonomia. Sem o auxílio alheio foi preciso aprender sozinha e sozinha qualificar sua produção. Tornou-se exigente. Descobriu que nunca teria uma legião de fãs ou seguidores, mas uma ou outra amizade realmente valiosa. Esses amigos seriam para sempre e com eles poderia contar em todas as ocasiões. Isso lhe bastou. Sem protetores ou poderosos, se deu conta que havia um Deus. Nele depositou sua confiança, sua fé. E o melhor dessa escolha foi perceber que não devia nada a ninguém - porque pessoas cobram um alto preço por carinho e atenção. Aprendeu o valor do suficiente e que o extraordinário é demais! Como na música. Com esforço, com trabalho, com o apoio da família e amigos alcançou o suficiente. Sem mentir, sem roubar, sem prostituir valores, ideias e ética. Não é a mais requerida, certamente. Mas, é muito querida por quem lhe conhece profundamente.

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 07/09/2017
Reeditado em 07/09/2017
Código do texto: T6107276
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