Sua dor não é uma fraqueza!
Uma sociedade em que ser forte é não sofrer. E continuar sorrindo, trabalhando,produzindo, pagando as contas e dando atenção ao parceiro, apesar da dor, é ser forte.
A dor do outro é vista como fraqueza, algo condenável, desprezível, um mau exemplo que não deve ser aprendido ou ensinado aos filhos.
Então é preciso que pessoas como psicólogos, sociólogos, assistentes sociais e alguns religiosos nos ensinem que existe o sofrimento, que ele não decorre da fraqueza, mas do desamparo.
Quando o mundo te diz "seja forte" e te elogia por isto, não significa que ele compadece de seu sofrimento. Ele te pergunta "não é forte o bastante pra seguir sem sofrer?" Ele te pede para ignorar a seu sofrimento, ele não diz " há como superar ou lidar melhor com este sofrimento".
O mundo não te ampara quando te diz pra ser forte e seguir apesar da dor. No fundo você sente o desamparo, na forma como filhos, colegas, amigos e patrões ignoram o que sente. Quando te pedem pra ser forte eles te dizem pra ignorar a própria dor.
Mas eles sabem a dimensão da dor que querem que você ignore? Este mundo onde a frieza se tornou uma virtude, incentivada em livros de auto ajuda, best sellers, filmes cheios de heróis e heroínas que saíram do fundo do poço e venceram, servem para construir e enaltecer esta virtude da frieza.
Frieza se tornou sinônimo de força. Sofrimento se tornou sinônimo de fraqueza e incompetência. Não sem motivos um mundo com tantas comodidades, confortos e tecnologias que facilitam a vida recebe a morte de tantas pessoas que não encontram neste mesmo mundo o lugar para seu sofrimento.
Ela é expulsa da vida, pois seu sofrimento não é bem vindo. Não há lugar para ele, a não ser nas vielas, nos guetos e nos buracos contanto que não incomodem a paisagem por onde circulam os virtuosos.
O mundo ensinou aos virtuosos seja forte, produza e tenha vida social, mas não exija que eu te ampare. Te darei coisas, produtos, serviços e experiências magníficas que poderá compartilhar e divulgar pelos meios mais modernos a disposição. Mas não me peça que te ampare, pois quando não for mais útil vou lhe descartar. Posso te dar remédios e drogas, mas não me interessa seu sofrimento.
Isto por que é preciso fazer obedecer, fazer produzir, fazer lucrar e seu sofrimento não pode ser um limite, uma barreira para isto. Seu mal estar, desconexão, ausência de sentido e propósito não pode ser um custo ou algo que diminua o ritmo da produção.